No ano de lançamento de Mulher Maravilha (veja a crítica do filme aqui), curiosa – e sabiamente oportunista – opção de lançar Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas.
O longa conta a história por trás do criador da principal heroína dos quadrinhos. O trabalho de montagem é excelente em diversas frentes. Seja em já abrir o filme com pessoas queimando as HQs, o que para quem não conhece a história, deixa uma instigante dúvida de como as coisas chegaram até ali. Seja no desenrolar da história que alterna o depoimento do protagonista e a história com as duas mulheres, sem deixar as ideias confusas e sem quebrar a fluidez.
Outro acerto fica na escolha e direcionamento do elenco. O Trio Luke Evans, Rebecca Hall e Bella Heathcote protagonizam o longa dando personalidade e carisma. As cenas precisam passar um misto de sentimentos e os bons atores dão conta. Até o começo, meio clichê, funciona de forma engajante.
A questão sexual é posta de forma muito natural e sabendo explorar as tensões nesse sentido. Nada grandiosamente explícito, mas com momentos que são bem mais eficazes que um 50 Tons. E toda a repercussão nos quadrinhos e na personagem são expostas sem embaraço.
O longa levanta a bandeira das questões femininas sem tirar uma vírgula do viço narrativo. Há uma preocupação sim em dar destaque para as mulheres (em se tratando de Mulher-Maravilha não poderia ser diferente), mas sem esquecer em momento algum os aspectos cinematográficos.
A diretora e roteirista Angela Robinson consegue equilibrar diversos elementos e isso e disparado a melhor coisa do filme. Diferente de um O Rei do Show, onde temos diversas frentes e pouco aprofundamento, aqui o estudo dos personagens é exemplar.
Encerramos 2017 com ótimos filmes dirigidos por ela. Vide Detroit em Rebelião (da vencedora do Oscar Kathryn Bigelow), O Estranho que Nós Amamos (Sofia Coppola), além é claro Patty Jenkins com o filme da heroína da DC , heroína que surgiu graças ao Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas.
A não-convencional vida de Wiliam Marston (Luke Evans), psicólogo e inventor de Harvard que ajudou a tornar real o Detector de Mentiras e que também criou a Mulher-Maravilha, personagem dos quadrinhos, em 1941. Marston mantinha uma relação polígama envolvendo sua esposa Elizabeth Marston (Rebecca Hall), psicóloga e inventora, e Olive Byrne (Bella Heathcote), uma ex-aluna que virou acadêmica. Essa relação e os ideais feministas das duas mulheres foram essenciais para a criação da personagem.