A Noite do Jogo tinha tudo para ser mais uma comédia genérica, baseada no humor óbvio e escrachado que tem caracterizado o gênero, tal como os jump scares parecem hegemonizar os filmes de terror. Depois dos razoáveis Quero Matar Meu Chefe 1 e 2 e do terrível remake de Férias Frustradas, os diretores John Francis Daley e Jonathan Goldstein realizaram uma obra muito equilibrada, divertida, inteligente e engajante. Que grata surpresa!
Protagonizado por Jason Bateman e Rachel McAdams, que formam um casal improvável, mas carismático e com muita química, com um excelente elenco de apoio e com bons personagens coadjuvantes, A Noite do Jogo apresenta um grupo de amigos viciados em jogos de tabuleiro cuja personalidade se aproxima da linha do estereótipo, mas não a ultrapassa, graças ao bom roteiro, aos bons diálogos ( se o trabalho anterior dos diretores é irregular, eles foram os roteiristas de Homem Aranha: De Volta ao Lar) e, principalmente, ao excelente timing cômico do elenco.
A atuação cômica de Jason Bateman não é exatamente uma surpresa – ao contrário de sua atuação dramática na excelente Ozark, da Netflix -, mas Rachel McAdams mostrou-se uma excelente comediante, Billy Magnussen, no papel do amigo burro, consegue entregar um personagem engraçado no ponto certo, sem chegar ao nível de burrice irritante, e, por fim e principalmente, o grande destaque do filme é Jesse Plemons, no papel do vizinho e policial Gary – um personagem muito estranho e intimidante.
Para além dos bons diálogos, o roteiro mantém o equilíbrio entre a comédia e o suspense e mantém o espectador interessado na solução do mistério e no fechamento do arco de cada um dos personagens do grupo.
Embora A Noite do Jogo seja uma comédia despretensiosa, os diretores demonstraram muito esmero técnico no desenvolvimento da produção. Com a ótima fotografia e com excelente jogo de câmera, A Noite do Jogo tem alguns excelentes enquadramentos, tais como a visão externa da primeira luta seguindo pelos cômodos da casa, e um (falso, mas quem se importa, o que interesse é o resultado) plano sequência, num casa de dois andares, em uma cena de ação de dar inveja a muitos filmes policiais – e tudo isso sem perder a graça e sem cair no escracho. A direção de arte é inteligente, especialmente pela escolha de simular o tabuleiro do jogos, dos quais os personagens tanto gostam, nos planos de ambientação das diferentes locações – recurso muito bem utilizado no bom Piercing , que comentei no Festival de Sundance 2018. Por fim, a coreografia das lutas e das cenas de violência é precisa, e A Noite do Jogo tem mérito levar a será a violência que se propõe a apresentar: há sangue, há dor e á consequências reais para os personagens, algo como A Espiã Que Sabia De Menos.
A Noite do Jogo é uma produção leve, mas esmerada, divertida e engraçada na dose certa, por apostar no humor situacional ou no “humor de constrangimento”, já que uma das sensações mais comuns para os espectadores é a vergonha alheia. Um sopro de ar fresco em um gênero tão combalido, prejudicado pela falta de criatividade e pelo recurso ao riso fácil. Valeu a pena cada centavo pago pelo ingresso.
Max e Annie, que vêm a sua noite de jogos semanais entre casais amigos tornar-se mais entusiasmante quando o carismático irmão de Max, Brooks, arranja uma festa com o tema "assassinato mistério", que inclui ladrões e polícias falsos. Quando Brooks é subitamente raptado, é tudo parte do jogo… certo? Assim que os seis jogadores ultra-competitivos começam a preparar-se para resolver o caso e ganhar, começam a descobrir que nem o "jogo" nem Brooks são o que aparentam. No decurso de uma noite caótica, estes amigos vão encontrar-se a pisar o risco cada vez mais, pois cada nova pista leva-os a uma nova reviravolta inesperada. Sem regras, nem pontuação e sem ideia de quantos são os jogadores na realidade, esta pode ser a noite mais divertida das suas vidas… ou simplesmente o fim.