A 89ª edição do Oscar rendeu um dos momentos mais marcantes desses quase noventa anos ao anunciar a premiação de melhor filme. Uma confusão de envelopes trocados, uma saia justa para os apresentadores e uma falta de presença de espírito resultaram na catástrofe: La La Land foi anunciado vencedor de modo equivocado. O prêmio na realidade seria de Moonlight, surpresa geral e que tornará a morna cerimônia a mais comentada da história.
Para além de número musicais irregulares, piadas boas e ruins, vestidos e discursos políticos, qual o balanço cinematográfico da noite? Vamos comentar prêmio a prêmio (clicando no título você ver a nossa crítica completa dos filmes):
Comentário: farra à parte, La La Land é um grande filme e Moonlight também. Pode ser uma novidade espetacular, mas é possível gostar dos dois longas (e também de A Chegada, A Qualquer Custo, Manchester…). Moonlight vinha com poucos prêmios, apenas ator coadjuvante e roteiro, ao contrário do musical que já tinha levado 6. Curiosidade: tal qual em 2016, o filme que levou o primeiro prêmio também ficou com a categoria de melhor filme.
Melhor diretor
Indicados:
Comentário: Bola cantada há algum tempo, após vencer a disputa nos principais sindicatos – que servem como base para o Oscar. Prêmio justo pela difícil e bem executada direção. O plano inicial já dava o tom do que seria o filme. Curiosidade: diretor mais novo a levar o prêmio, com apenas 32 anos.
Comentário: Bela disputa que ficou mais acirrada após a vitória de Denzel no SAG e das acusações contra o favorito Casey Affleck. Contudo, os fatores extra não afetaram a votação final e o belo trabalho do “irmão do Batman” foi reconhecido. A contida interpretação e a icônica cena do muro são destaques. Curiosidade: o irmão Ben Affleck, apesar de ter o Oscar pela direção em Argo, nunca foi sequer indicado em ator. Feito que o irmão mais novo agora não só superou, como o fez levando mais uma estatueta para casa.
Indicadas:
Isabelle Huppert (
“Elle“)
Comentário: Outra que era favorita, mesmo sem ser a preferida da crítica – principalmente a internacional. Stone tem carisma, sapateou, cantou e emocionou. E a vitória dela acabou sendo o ponto de partida para a confusão na categoria de melhor filme… Curiosidade: A francesa Isabelle Huppert era o voto de muitos, mas raramente uma atriz não americana leva, apenas três vezes na história isso ocorreu.
Comentário: O primeiro prêmio da noite foi para o filme que venceria a categoria principal. Mahershala Ali participa de um terço de Moonlight, contudo a presença dele reverbera no filme todo. Ele era o favorito e levou com justiça. Curiosidade: primeiro ator mulçumano a vencer.
Comentário: Outra que vinha ganhando tudo na temporada e já era dada como certa a vitória no Oscar. Viola Davis teve tanta força que alguns a consideraram atriz principal e não coadjuvante. Curiosidade: primeira vez que três atrizes negras são indicadas em uma categoria de atuação.
Mike Mills (“20th century woman”)
Comentário: Único prêmio do Manchester além da vitória de Casey como ator. O roteiro é muito tocante e traz uma história tão palpável e triste que realmente seria errado dizer que foi um prêmio injusto. Curiosidade: Manchester, tal como Moonlight, levou uma categoria de ator e de roteiro, a diferença entre os dois longas foi “só” o prêmio principal.
Melhor roteiro adaptado
Indicados:
Comentário: Moonlight tem um grande estudo de personagem e consegue abordar temas como racismos e homossexualidade sem soar panfletário ou maniqueísta. Grande parte da força do filme está no texto. Curiosidade: repetiu 2016 quando o melhor filme também levou melhor roteiro.
Melhor fotografia
Indicados:
Rodrigo Prieto (“Silêncio”)
Comentário: A iluminação em La La Land é sem dúvida um dos destaques, além de ganhar o público pelo ouvidos, LLL encanta pelos olhos. Reparem nos foco de luz ou então na icônica cena da ponte, ou ainda no horizonte quando o casal sapateia junto… Prêmio justo para o favorito.
Melhor animação
Indicados:
Comentário: Encantando multidões ao trazer uma metáfora para o racismo e a questão dos imigrantes. Belo design de produção – os responsáveis claramente se divertiram ao criarem um mundo complexo. Mistura de gênero, e funcionando em todos… Vitória já vinha se consolidando há algum tempo. Curiosidade: Zootopia foi a 4ª maior bilheteria de 2016.
Melhor filme em língua estrangeira
Indicados:
“Terra de minas” – Dinamarca
Comentário: O Apartamento é tenso e intenso. Do já vencedor do Oscar Asghar Farhadi, o longa tem muitos méritos e venceu competidores excelentes – tanto os da lista final, quanto aqueles que ficaram pelo caminho. Curiosidade: a vitória ganhou MUITA força após o Presidente Trump proibir a entrada de iranianos nos EUA, o voto de protesto era quase certeiro.
Melhor documentário
Vencedor: “O.J. Made in America”
Indicados:
“Life, animated”
“Fogo no Mar”
Comentário: Reduzir (e que palavra irônica aqui…) o filme a somente “o documentário de 7h45” é muita injustiça. O impacto de mini série transformada em filme foi capaz de vencer competidores fortíssimos que tratam de temas igualmente importantes na, talvez, melhor categoria do Oscar 2017
Melhor montagem
Indicados:
Comentário: Um pouco de surpresa aqui. Mas sem dúvidas uma categoria também muito forte, com 5 dos melhores filmes da temporada. A Chegada se sustenta muito a partir da montagem e La La Land tem uma difícil tarefa nesse quesito, ambos eram favoritos. Curiosidade: nos últimos quatro anos quem levou Melhor Montagem NÃO levou o Oscar de Melhor filme… Se o teu filme ganhar essa categoria ano que vem, sugiro devolver o prêmio 😉
Melhor design de produção
Indicados:
Cometário: O vareio nas categorias não aconteceu, mas um dos prêmios justos que La La Land levou foi aqui, em Design de Produção. Categoria disputada, com duas obras que trazem um conjunto de época e duas que evocam algo mais futurista. Levou La La Land, que brinca com o passado e o presente.
Melhor cabelo a maquiagem
Vencedor: Alessandro Bertolazzi, Giorgio Gregorini e Christopher Nelson (“
Esquadrão Suicida“)
Indicados:
Alessandro Bertolazzi, Giorgio Gregorini e Christopher Nelson (“
Esquadrão Suicida“)Eva Bahr e Love Larson (“Um homem chamado Ove”)
Comentário: Apesar de cabelo e maquiagem não serem o problema de Esquadrão Suicida, a vitória surpreendeu a muitos. Agora os fãs da DC irão falar o resto do ano sobre como os “rivais” da Marvel não tem um Oscar e o super criticado Esquadrão Suicida, sim…
Melhor figurino
Indicados:
Comentário: Nenhum absurdo indicado, 5 filmes com roupas exuberantes que retratam bem os respectivos períodos. Se a franquia Harry Potter não levou nenhum Oscar nos oito filmes da saga, o spin off já marca a história com a primeira vitória para o mundo bruxo.
Melhores efeitos visuais
Vencedor: Robert Legato, Adam Valdez, Andrew R. Jones and Dan Lemmon (“Mogli: O menino lobo”)
Indicados:
Stephane Ceretti, Richard Bluff, Vincent Cirelli e Paul Corbould (“
Doutor Estranho“)
Robert Legato, Adam Valdez, Andrew R. Jones and Dan Lemmon (“Mogli: O menino lobo”)
Comentário: Muitos perguntaram onde foi filmado Mogli…. a resposta é assustadora: em um estúdio… Praticamente tudo ali, toda aquela floresta e fauna, são resultados de um trabalhoso e brilhante serviço de efeitos visuais. Recomendo ver o making off para terem a noção da grandiosidade do resultado.
Melhor canção original
Indicados:
“The empty chair” (“Jim: The James Foley Story”); música e letra de J. Ralph e Sting
“Can’t stop the feeling” (“
Trolls”); música e letra de Justin Timberlake, Max Martin e Karl Johan Schuster
Comentário: qual música você saiu assobiando da sessão e com certeza ouviu umas 100 vezes seguidas?
Melhor trilha sonora
Indicados:
Comentário: Apesar da força de Jackie e Moonlight nesse quesito (e também do desclassificado A Chegada), La La Land era franco favorito.
Melhor edição de som
Indicados:
Comentário: Os sons dos ETs realmente eram algo de outro mundo em A Chegada. Uma grata surpresa onde La La Land World era favorito.
Melhor mixagem de som
Vencedor: Kevin O’Connell, Andy Wright, Robert Mackenzie e Peter Grace (“
Até o último homem“)
Indicados:
Bernard Gariépy Strobl e Claude La Haye (“
A chegada“)
Comentário: A tradição de premiar filmes de guerra em Mixagem de Som se confirmou. O que poderia resultar em um ruído sonoro no front se tornou uma impactante orquestra.
Melhor documentário em curta-metragem
Indicados:
“Watani: My homeland”
Comentário: cercado de polêmica, Os Capacetes Brancos foram acusados de retratar uma realidade que não era totalmente verdade. A curiosidade fica por conta de ser a primeira vitória da Netflix
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Melhor curta-metragem
Vencedor: “Sing”
Indicados:
“Ennemis Intérieurs”
“La femme et le TGV”
“Silent night”
“Sing”
“Timecode”
Comentário: Momento Glória Pires, não vi os indicados, e sou incapaz de opinar…
Melhor curta-metragem de animação
Vencedor: “Piper”
Indicados:
“Blind Vaysha”
“Borrowed time”
“Pear Cider and Cigarettes”
“Pearl”
“Piper”
Comentário: o hiper realismo de Piper quase o classifica como um curta em live action… brincadeiras à parte, Piper será referência na parte visual, além de ter uma singela história.
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O que acharam das premiações? Como vocês foram nos bolões? E a gafe na premiação? Deixem aí nos comentários as impressões de vocês…