Wind River é um thriller policial complexo e emocionalmente intenso. Tudo no filme funciona, tendo como ponto de partida as atuações sensacionais de Jeremy Renner e Elizabeth Olsen. Taylor Sheridan, roteirista de Sicario e A qualquer Custo, estreia na direção com um filme poderoso, frio – como a fotografia consegue tornar real para o espectador a frieza do cenário – e profundamente doloroso. Poucos cineastas são tão capazes quanto ele de produzir histórias desse tipo. Tem cheiro de grande candidato à temporada de premiações após o lançamento comercial. Melhor filme que vi no Festival até agora. Sim, superou o de ontem. Nota 5/5.
To the Bone trata de anorexia e suas consequências para o doente e a família. Apesar do tema interessante, o filme é convencional na linguagem e na abordagem, ao fazer de todos os clichês de filmes que acompanham personagens em tratamento. O dilema familiar, a resistência, a internação, a paixão por outro paciente e um desastre previsível. Tudo está lá. Didaticamente, o estilo narrativo lembra muito A Culpa é das Estrelas. Felizmente, consegue ser agradável e passar sua mensagem. Nota 3,5/5.
Este documentário da HBO chocou a plateia no festival, em função das imagens fortes e reais da guerra civil da Síria. Trata-se de um filme obrigatório, especialmente aqueles que se calam diante da tragédia e que relativizam as consequências da guerra . Do mesmo diretor de Winter on Fire, Cries from Siria deve entrar na disputa de todas as premiações do ano na categoria. A HBO está se parabéns pela coragem de trazer esta história para o grande público. Nota 5/5.
O terceiro longa metragem dirigido por Felipe Bragança é uma fábula sobre um Brasil que sequer os brasileiros conhecem. Ao tratar, literal e metaforicamente, das consequências da Guerra do Paraguai nas relações sociais da fronteira entre os dois países, Não Devore Meu Coração é, ao mesmo tempo, a denúncia de um conflito e um acerto de contas com o passado.
O longa francês conta a jornada de uma jovem vegana rumo ao canibalismo. Você leu corretamente: a jornada do veganismo ao canibalismo. Felizmente, Raw evita os clichês baratos e desenvolve o processo de forma consistente, com um desfecho, digamos, intrigante. A plateia de Sundance reagiu a cada cena com risos, sempre nervosos, e com expressões de repulsa. As cenas foram muito explícitas. Meus amigos e colegas de cabine Lucas Albuquerque, Vavá Pereira, Paula Biasi e Guilherme Sadeck certamente se divertiriam com minhas reações espontâneas. Nota 4/5.
XX é uma antologia de contos de terror, todos eles dirigidos por mulheres. Como em qualquer antologia, a qualidade oscila. O primeiro conto, The Box, é um terror psicológico razoável; o segundo, The Birthday Party, tem vários problemas de ritmo e montagem, mas compensa pela perspicácia do roteiro: acabou arrancando aplausos da plateia; o terceiro, Don’t Fall, é um gore eficiente; e o último, Her Only Living Son faz as vezes de O Bebê de Rosemary de baixo orçamento, mas sem o bebê . O que puxa a qualidade do filme para cima são as animações de transação, todas elas de nível altíssimo. Nota 3/5.
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