
No mundo perfeito, A Despedida teria sido sucesso de público e crítica, seria considerado um clássico, e Nelson Xavier teria vencido o Oscar. Infelizmente, este filme doce, sensível e melancólico passou em branco pelas salas de cinema, após esperar mais de dois anos pela distribuição. O mercado é injusto, mas a vida também é injusta, não é mesmo? Tudo no filme funciona: a fotografia privilegia os enquadramentos fechados nos ambientes internos, para destacar como pequenas rotinas podem ser dolorosas na velhice, com planos gerais nos ambientes abertos, para destacar o contraste entre o velho e a juventude da cidade que não para; o uso do som na construção do personagem foi surpreendente; Nelson Xavier e Juliana Paes formam um casal que, apesar do contraste de idade e de viço, nos convence de seu amor e de seu respeito mútuo; o diretor e roteirista Marcelo Galvão mostra total controle da narrativa e conduz o público a uma jornada sobre vida e morte, amor e decadência, memória e realidade. Um filme imprescindível para quem ama o cinema, a vida e, em certa medida, a nostalgia e a melancolia. Nota 5/5.
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